domingo, 29 de junho de 2008

Destino

Nunca fui muito de acreditar em destino. Sempre me recusei a aceitar que a minha vida não passa de uma história já contada que ainda estou a viver. Sempre me recusei a aceitar que a monotonia anestesiante da minha vida não é mais que uma piada de café entre dois deuses embriagados no Bar do Fim do Tempo.

Mas não sou um ávido defensor do poder do empreendimento humano. Longe disso. Sempre achei que a quantidade de pessoas que morrem todos os anos atingidas por raios é uma prova bastante irrefutável dos limites da auto-confiança.

Não, não tenho dúvidas que existem forças superiores a mim mesmo, forças que me controlam, limitam, prendem o meu corpo e o mantêm bem longe dos céus onde a minha mente flutua. Sou demasiado racional para não conceber o conceito de limites naturais. Simplesmente não consigo ver ordem nessas forças, só caos. Completo, denso e irredutível caos.

No entanto, apesar do turbilhão emocional que se apodera do meu coração a cada segundo que passa, sempre mantive uma atitude exterior de obsessiva organização e necessidade de controlo. Uma gola torta na camisola de alguém à minha frente é o suficiente para arruinar a minha boa-disposição. Tal como um garfo ligeiramente desalinhado numa mesa, de outro modo, perfeita. O mundo à minha volta tem de estar perfeito. E essa perfeição tem de ser definida por mim.

Esta minha crença no caos das forças exteriores é, portanto, constantemente interpretada como um paradoxo numa pessoa que regimenta a sua vida de uma forma tão obsessivamente ordenada, mas nunca achei que fosse. Na verdade, considero que a predominância da minha própria ordem pessoal é a grande razão porque não consigo aceitar qualquer outro tipo de ordem. A Natureza é um limite do corpo. Deus é um limite da mente.

1 comentário:

c. disse...

signo: virgem
ascendente: peixes

boa coisa desta combinação oposta, nunca vem.

(curiosamente, o meu caso. em ordem invertida, no entanto.)