terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Lógica do Amor

Apontou para um par ainda jovem, sentado em dois lugares no canto mais afastado da sala. Vestiam-se com a falsa despreocupação de quem assume o seu aspecto exterior como uma forma de marcar a sua rebeldia contra os conformismos do sistema, simultaneamente apresentando exactamente as mesmas escolhas estéticas que todos os outros ‘rebeldes’ com quem partilhavam opiniões sobre Nietzsche e shots de tequilha. Não podiam ser absolutamente mais nada que estudantes universitários.

«São perfeitos um para o outro. Ela gosta do Citizen Kane, do Star Wars e do Die Hard. Ele ouve quando ela fala e quando responde não está só a arranjar formas de voltar o tema da conversa para ele. Ela é bonita, mas não vaidosa, e não passa todo o santo dia a fazer compras. Ele nunca refila nas poucas vezes em que ela o arrasta. Ela é ainda mais sexy por ser inteligente. Ele é ainda mais charmoso por ter sentido de humor. E, no entanto, desde que ela se sentou que ainda não parou de olhar para o pintas de fato Armani sentado ali ao fundo do balcão».

Esperou que ela olhasse discretamente para o homem sorridente a cinco bancos de distância deles, o protótipo do homem ‘confiante’, com o sorriso típico de quem nunca não está a engatar. Quando ela se voltou de novo, com o canto esquerdo da boca levemente retorcido num esgar de gozo e desprezo, continuou.

«Ela sabe que está com a melhor pessoa que alguma vez encontrou, possivelmente até a sua alma gémea. Confia em mim, ela acredita em almas gémeas. Mas bastava uma vodka de limão e dois dedos de conversa sedutora por parte daquele atrasado mental, para o outro pobre coitado sentado à sua frente estar a ouvir, amanhã ao almoço, um discurso tão sentido quanto ridículo sobre como ela está arrependida, jura que nunca mais volta a acontecer e não compreende por que tem sempre este impulso para se deixar atrair pelos homens que a tratam mal quando tem o mais homem mais perfeito que alguma vez podia encontrar à sua frente».

Quando sentiu que ela ia comentar aquilo que acabara de dizer, interrompeu-a gentilmente com um movimento subtil com a mão que não segurava o copo. O modo como exprimia as suas opiniões era um acto coreografado de pseudo-filosofia, melhor absorvido quando ouvido na sua totalidade. Para ser totalmente honesto, a interrupção também fazia parte da coreografia.

«Mas também não quero que penses que estou a ser totalmente parcial. Ele não tem falta de culpas no cartório. Sabes por que é que ela tem podido estar tão obviamente a olhar para outro homem sem qualquer discussão? Porque ele nem está a reparar. E sabes por que é ele não está a reparar? Porque na sua cabecinha iludida, ele já a tem. Está conquistada. É dele. Nem sequer coloca a hipótese de, depois de ela ter dado o primeiro ‘sim’, alguma possa vez reverter para um ‘não’. A única coisa mais perturbante que a patologia feminina de só se atrairem por homens que vos fazem mal, é a patologia masculina de achar que uma relação amorosa é um acto único de conquista e não uma luta contínua por união».

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Never Drop It, Little Boy

Look at what the boy is holding
Careful, don’t let it fall
As you’re one with the universe
When you’re holding your little ball

He walks gingerly and scared
His task is all but small
His whole life hangs in the balance
Of that shifty little ball

Not immune to what surrounds him
He hears the sexy pleasuring call
Of a life devoid of boundaries
With no scary little ball

But what ominous and vile doom
Shall on his poor head befall
If the careless little idiot
Drops his precious little ball?

He would never let it happen
He would never have the gall
To risk venturing the world
Without his sacred little ball

Content in a land of nothing
Feels no need to have it all
The boy will never hear the sound
Of a bouncing little ball